quarta-feira, janeiro 03, 2007

O idiota que fica


Saddam Hussein foi julgado (?) e enforcado pelos fantoches de Bush no governo iraquiano e Bush congratulou-se com isso e festejou efusivamente a proeza.
Se tivessem sido fantoches de Saddam a julgar Bush, decerto Saddam teria igualmente festejado, e com idênticas "boas razões". Porque também Saddam poderia ter acusado Bush (e os seus cúmplices da Cimeira das Lajes, incluindo o actual presidente da Comissão Europeia, que agora condena hipocritamente a execução) de crimes contra a humanidade, de bombardeamentos indiscriminados de civis e da morte cruel de homens, mulheres e crianças inocentes, numa guerra desencadeada a pretexto de gigantescas mentiras como a das armas de destruição maciça ou a do envolvimento de Saddam com a al-Qaeda.
Assim se faz a História.
Se a História tem um sentido (e Schopenhauer diz que vemos sentido na História como vemos leões nas nuvens, apenas porque os procuramos) é esse, absurdo, que Shakespeare em "Macbeth" atribui à vida toda "a tale told by an idiot, full of sound and fury, signifying nothing" ("um conto contado por um idiota, cheio de som e de fúria, sem sentido nenhum").
É sempre o idiota que fica que conta a História.
E, como em "M", de Fritz Lang, são sempre criminosos que julgam outros criminosos.
Que fique bem claro gosto tanto do Bush como do Saddam...